O Pliocénico de Pombal (Bacia do Mondego, Portugal Oeste): biostratigrafia, paleoecologia e paleobiogeografia
Abstract
No presente trabalho são apresentados dados palinológicos inéditos da importante sequência do Pliocénico português em Pombal. Em paralelo, conjugando os dados dos vários proxies paleontológicos estudados nesta sequência, é feito o ponto da situação do conhecimento sobre nanofósseis calcários e associações de fósseis de moluscos, nomeadamente no que concerne ao seu significado biostratigráfico, paleoecológico e paleobiogeográfico. No tocante à Palinologia, a investigação dos níveis fossilíferos do Pliocénico da região em estudo evidencia uma microflora de carácter mesófilo. A presença de Taxodiaceae substituindo táxones mais termófilos como Cyrillaceae / Clethraceae indicaria descida da temperatura relativamente ao Zancleano, bem patente na sequência de Rio Maior. Na secção média da camada lignitosa (sondagem P1) a presença de Symplocos, táxon megamesotérmico, pressupõe uma ligeira subida de temperatura. O estudo palinológico da sequência representada na sondagem F58 da Bacia de Rio Maior demonstra que ela abrange o Zancleano e o Placenciano; a microflora de Pombal aqui descrita e discutida é correlacionável com o topo do conjunto esporo-polínico F da referida sequência, posicionando-se no topo do Zancleano ou na metade inferior do Placenciano ante 3,0 Ma. Em termos do significado das associações de nanofósseis calcários ricas em Coccolithus pelagicus s.l. é proposta uma interpretação, não baseada em condições paleoambientais subpolares oceânicas, mas sim em condições de afloramento costeiro (de upwelling) persistente e maior paleoprodutividade oceânica ao largo da costa ocidental da Ibéria de então. A associação de moluscos gastrópodes indica ambiente marinho pouco profundo, de salinidade normal e temperaturas subtropicais. Esta associação de gastrópodes sugere correlação com a Mediterranean Pliocene Molluscan Unit 1 do Mediterrânico, i.e., com uma idade pliocénica ante 3,0 Ma. A conjugação dos dados dos nanofósseis calcários e dos moluscos sugere para os níveis fossilíferos marinhos pliocénicos da região de Pombal um posicionamento cronostratigráfico abrangendo desde o topo do Zancleano até à metade inferior do Placenciano, desde cerca dos 3,70-3,61 Ma aos 3,0 Ma, ou mesmo apenas até aos 3,52 Ma, se se tiverem em conta dados dados isotópicos de 87Sr/86Sr.
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